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Estudos de economia comportamental não se resumem a tentar responder por que muitas vezes gastamos mais do que queríamos – isto é, nossos impulsos de compra. Muitos outros aspectos envolvem o ritual de consumo, antes e depois. E vários deles rendem estudos bastante curiosos.
Por exemplo, por que, depois das compras, muitas pessoas costumam deixar os carrinhos ocupando vagas no estacionamento dos supermercados? Pesquisando na internet, descobri que é uma ocorrência que incomoda muita gente, mas será que existe uma explicação comportamental?
Em um artigo para a revista Scientific American, a antropóloga Krystal D’Costa enumera uma série de razões que levam o carrinho a ser deixado fora do lugar, como a pessoa ao volante estar atrasada ou com crianças no carro, não podendo se afastar, ter alguma deficiência física, a área de devolução ficar distante, estar chovendo ou mesmo acreditar que outra pessoa irá pegá-lo.
Também concorre para o ato a falta de punição. Deixar ou não o carrinho no lugar, para muitos, é uma escolha mais baseada na opinião desfavorável que os outros vão ter deles e também no bom exemplo de quem deixa o carrinho no lugar no que em alguma regra escrita.
Além disso, as pessoas variam muito o comportamento diante dessa decisão. Há aqueles que sempre devolvem o carrinho no lugar certo, quem nunca devolve, quem devolve eventualmente e pessoas que só devolvem se estão sendo observadas.
Supermercados tentam lidar de várias maneiras com o problema, seja designando pessoas para buscarem os carrinhos perdidos ou criando mais de um ponto para o retorno, mas nesse caso, lembra D’Costa, estão lidando com o interesse dos motoristas: não se afastar das crianças, permanecer seco se está chovendo, até mesmo estar com preguiça etc.
O problema é que o mesmo impulso que nos leva a imitar o exemplo positivo dos outros também nos faz imitar os negativos. Em um experimento, publicado na revista Science, os autores, Kees Keizer, Siegwart Lindenberg e Linda Steg, deixaram folhetos sobre as os vidros de carros estacionados onde havia carrinhos abandonados e também onde todos os carrinhos estavam no lugar.
No caso do estacionamento onde os carrinhos estavam organizados, 30% dos motoristas jogaram os folhetos no chão. Já no estacionamento onde os carrinhos foram abandonados de qualquer jeito, foram 58%.
Será que há um jeito de resolver o problema? Um vídeo que circulou na internet no final do ano mostra uma mulher dirigindo com a mão direita e puxando um carrinho pelo estacionamento com a mão esquerda. É óbvio que não é uma solução válida.
O melhor – afirma a antropóloga – é lembrar que a maioria de nós devolve o carrinho ao lugar certo ou pelo menos o deixa em um ponto onde pode ser facilmente recuperado. Já para aqueles que se sentem pressionados quando observados, destacar um funcionário para cuidar dos carrinhos pode acrescentar um custo às lojas, mas influencia alguns motoristas a fazerem a coisa certa.
No caso de quem nunca devolve o carrinho ou não devolve por motivo de força maior, não há muito o que fazer. Esses carrinhos vão ser deixados sempre fora do lugar. Mas pelo menos, apesar do mau exemplo, o mundo não vai acabar por isso.
Via https://g1.globo.com
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